quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Existent

Diante de mim há o que eu vejo
ou um espectro do que vai ser
surpresas que já não existem mais.

Ao abrir os olhos me vejo despido
buscando proteção do todo em volta
ruídos nunca ouvidos se fazem presentes
a mão que um dia segurei me fere
castigo da minha ousadia ingênua
ou o acaso e seu sarcasmo puro
sôfrego despertar em um descuido

E aqui me faço morte e vida

Cruzei a linha tênue da dor
abri mão do auto-engano sujo
rebentou em mim todo um mar
inusitadamente maior que eu
nefasto como palavras nunca ditas
homem que fui, espírito que vaga
outra vez desperto quase sem querer
saudoso como uma fotografia antiga.

Quem sabe se há mais que eu,
um único estampido de quem
esqueceu.

Garoa fina que cai sem cessar
ouve o céu que desaba discreto
sem querer saber do teu amor e dor
tanto faz o querer quando não se é
ou se está mais inconstante que o ar

Traga a esse final alguma vida
antes que o céu acabe de cair
num ruído só, sem querer saber
traga a esse começo o som do riso
outro riso que fará esquecer...

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